Indicada para a presidência da Petrobras pelo ministro Guido Mantega,
presidente do conselho de administração da companhia, Maria das Graças
Foster foi eleita uma das 15 executivas em destaque pela Valor Liderança - Executivas. Na época da premiação, em dezembro passado, a revista publicou um perfil da executiva. Confira abaixo.
Comando com mão de ferro e dedicação quase absoluta
Integrante da curta lista de pessoas que gozam da total confiança da
presidente Dilma Rousseff, Maria das Graças Silva Foster, ou Graça
Foster, como prefere ser chamada, tem um currículo poderoso. É diretora
da área de gás e energia da Petrobras e seu nome é cotado para presidir a
empresa quando José Sergio Gabrielli deixar o posto. Em outubro, ela
participou como executiva da Petrobras da comitiva presidencial à
Bulgária, Bélgica e Turquia.
Engenheira química, com mestrado em engenharia de fluidos,
pós-graduação em engenharia nuclear e MBA em economia, Graça Foster
nasceu em uma favela do Rio de Janeiro nos anos 1950, o Morro do Adeus,
que hoje integra o Complexo do Alemão, ocupado pela polícia neste ano.
Foi lá que ela viveu até os 12 anos, quando a família se mudou para a
Ilha do Governador. No morro, começou a trabalhar, aos 8 anos, como
catadora de papel, garrafas e latas de alumínio que vendia para comprar
material escolar e presentinhos para sua “florzinha”, como chama a mãe,
Terezinha Pena Silva, que continua sendo alvo de sua dedicação.
“Minha mãe é a coisa mais linda, a coisa mais bonitinha que tem, é
pequenininha, é a minha flor”, desmancha-se a filha durona no trabalho,
de 1,78 metro de altura, negociadora implacável, temida e, por que não
dizer, criticada por parte dos executivos que convivem com ela. É a mãe a
única capaz de competir com sua outra paixão: a Petrobras, empresa onde
trabalha desde 1981, depois de quase dois anos na Nuclebrás, seu
primeiro emprego com carteira assinada.
“A Petrobras é uma prioridade na minha vida. Raramente acontece uma
inversão, mas só minha mãe está na frente. Graças a Deus o resto da
família não precisa. A Petrobras sempre foi importante para mim. O
normal é estar disponível para a empresa. Tudo na vida é paixão. E como
posso não estar apaixonada e ficar aqui de dez horas a 12 horas todos os
dias, torcendo para tudo dar certo?”
O início da vida acadêmica tampouco foi fácil. Aos 22 anos e ainda na
faculdade, Graça teve a filha Flávia, que é mãe de sua neta Priscila,
hoje com 16 anos. As três são do signo de Virgem e muito próximas. Mais
tarde veio Colin, filho do seu terceiro casamento, “um garotão que tem
2,05 metros e estuda jornalismo”.
A área comandada por Graça Foster na estatal acumulou lucro de R$ 2,6
bilhões até setembro de 2011, o segundo melhor resultado da empresa, só
atrás da exploração e produção. Quando ela assumiu, em setembro de
2007, o prejuízo era de R$ 895 milhões.
A executiva comanda a diretoria de gás e energia com mão de ferro.
Trabalhadora compulsiva – conta que nunca teve remorso de deixar os
filhos em casa antes de viajar a trabalho por um ou dois meses –, e
chefe exigente com prazos e metas estabelecidos e cobrados com rigor,
Graça tem um calendário de “marcos” atrás da mesa, que detalha datas das
diferentes fases das obras de sua área.
Raramente, ela sai antes das 21 horas e sempre carrega uma pasta
enorme e grossa onde está escrito “Trabalho de Casa” à mão. Ali ela tem
acesso a relatórios, notas técnicas e à agenda de reuniões do dia
seguinte. “Mesmo que tenha reunião com minha equipe, eu me preparo, para
a reunião andar rápido.” Em casa, além de olhar a “pastinha”, ela
costuma tomar meia garrafa de vinho antes de dormir. Magra, elegante,
ela diz que prioriza o vinho a qualquer outra iguaria.
(Texto de Cláudia Schüffner)
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